Futuros Preferíveis

"A imagem do futuro apresentada pela arte é crucial para compreender a evolução futura de uma cultura; de facto, a arte é uma imagem do futuro."

Fred Polak


Workshop

Introdução

Compreende o futuro como um cone de possibilidades (Voros). Quanto mais longe estivermos no futuro, maior será o número de futuros possíveis a partir do presente. O que interessa saber: quais são os futuros que consideramos preferíveis? Porque os futuros não são somente o que queremos que sejam, incluímos ameaças e mudanças inesperadas (wild cards) que acabam por moldar o futuro de uma forma diferente. Porque não existe um futuro que sirva a todos, começamos por questionar os pressupostos sobre o futuro.

Todos nós projetamos o futuro e reclamamos o direito a um futuro melhor, mas, sem empoderamento participativo e construção de capacidade de infraestruturas sociais e cívicas para a elevação dos níveis de autonomia e prontidão das comunidades, os agentes de mudança social são empurrados para o único papel disponível: o de resistência sistémica à mudança necessária.

Neste workshop, reconhecemos o papel catalisador dos indivíduos para a cocriação de visões de futuros coletivos mais inclusivos e plurais, assim como o da comunidade para a mudança mais significativa - e também a mais lenta –, aquela que ocorre ao nível dos valores, ideais, visões do mundo e mudança ou articulação de paradigmas.

Futuros Preferidos foca-se nos futuros comunitários. Tem como objetivo ajudar a identificar futuros preferidos pessoais e clarificar o que emerge como futuros preferidos coletivos. Explora a interseção entre estudos de futuros, arte, literatura, filosofia e cidadania. A abordagem oscila entre:

  1. A utilização de sinais (fracos e fortes) e (mega)tendências para criar possibilidades de cenários futuros, usando posteriormente a reversão (recasting) para gerar presentes alternativos através de caminhos não percorridos 
  2. A projeção de futuros preferidos e a reversão (backcasting) para criar trajetórias em direção a esse futuro preferido.

Em suma, propomo-nos a atravessar a incerteza, a complexidade e ideias contraditórias com o objetivo de identificar, debater e projetar alguns dos múltiplos tipos de futuros preferidos que poderão existir na/em comunidade.

Princípios

  • Não existe um futuro predeterminado.
  • O futuro é moldado pelas nossas ações e decisões no presente, assim como pela inação.
  • O futuro é construído e todos podemos influenciá-lo.

Metodologia

Futuros criativos exploram o teatro no seu todo - envolve performance, design de cena, oficina de cenografia e públicos - e como se mobiliza para desenvolver e proporcionar experiências coletivas. Com milhares de anos de história, o teatro desfruta de um conjunto de ferramentas único, altamente criativo e totalmente prático, que é colaborativo, rápido, eficaz e lúdico.

Ao contrário dos métodos de futures thinking, design thinking e systems thinking, as ferramentas das artes performativas são simples e todos compreendem a sua terminologia - cenas, personagens, histórias e adereços. Adicionalmente, geram uma boa experiência, que envolve emoção e intelecto e não somente informação. 

Aplicada como técnicas de conceção de futuros, o teatro permite explorar e dar a sentir diferentes conceções de futuros. Este workshop divide-se em três partes: questiona, imagina e age.

Questiona visões do futuro

  • Criamos pequenos áudio dramas e selecionamos excertos de livros, filmes e outros tipos de estímulos com o objetivo de ajudar a identificar e a refletir sobre pressupostos pessoais e coletivos, como são criados e transmitidos e de que forma potenciam/ condicionam a existência de diferentes visões e narrativas de futuros.

Imagina futuros preferidos 

  • Desafiamos a imaginação. Tudo o que foi/é construído começou por ser imaginado. Sem imaginação não conseguimos conceber futuros diferentes e se não forem preferidos, é difícil comprometermo-nos com as mudanças desejadas e tomar medidas que nos ajudem a alcançar o resultado pretendido. Para Slaughter: Estas fontes dão-nos acesso a toda uma “gramática” de possibilidades futuras. (…) para além dos limites da realidade atual (…) para além das tendências, previsões e afins - e alimentam as nossas as nossas capacidades de especulação, imaginação e inovação social. (…) uma cultura sábia (…) imbuída de consciência transpessoal. (…) através da escrita especulativa, dos estudos do futuro e de campos associados. Esta fase tem como objetivo mapear e explorar diferentes possibilidades de futuros preferidos.

Age e modela o futuro

  • Qualquer pessoa pode ser um agente de mudança. Só precisamos de saber o que temos de mudar, quais as mudanças necessárias a nível organizacional e que ações podemos desenvolver, e quantas pessoas de contextos diferentes podemos envolver, para promover a mudança. Esta fase tem como objetivos identificar contextos de ação, multiplicar formas de envolvimento e planear formas de ação combinada de forma a criar um futuro melhor.

Em suma, todos temos um futuro preferido. A dificuldade, está no autoquestionamento e em saber quais são as diferentes formas de futuros possíveis que criamos como comunidade. Individualmente, cada um de nós pode influenciar o futuro, mas é preciso fazê-lo em comunidade. Em comunidade, pequenos gestos individuais podem desencadear mudanças maiores.

Arquivo: Histórias do Futuro

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